quinta-feira, 7 de novembro, 2024

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A EVOLUÇÃO E O CRESCIMENTO DO MILHO SAFRINHA NO BRASIL

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Por Engenheiro Agrônomo Pércio Cancian.
| Atualizado em 12/11/2018 às 22h04

A aproximadamente 30 anos iniciou-se no estado do Paraná o “milho Safrinha” como é chamado até hoje, era uma cultura de pouquíssima tecnologia, baixas produtividades e alto risco. Os primeiros cultivos inclusive eram realizados com sementes de milho de variedades e o nível de investimento do produtor era muito baixo, por se tratar de uma safra de alto risco climático e menor potencial produtivo.

A partir dos anos 90, o cultivo do milho safrinha já se consolidava e abrangia regiões distintas no território brasileiro. A combinação de um clima tropical e de boas características de solo possibilitou ao agricultor brasileiro diversificar o seu sistema de produção de grãos e de forma muito favorável, combinando duas culturas em um único ano agrícola, permitindo maximizar os equipamentos, reduzindo custos na operação, aproveitando melhor o solo e consequentemente, trazendo lucros.

Um fator fundamental para o crescimento e consolidação da safrinha de milho foi a introdução de variedades de soja de ciclo mais precoce, permitindo a colheita da soja mais cedo e assim, oportunizando o plantio de milho em uma janela mais adequada, mitigando riscos e melhorando a produtividade.

O melhoramento genético teve e tem papel de destaque no incremento produtivo da safrinha, saltando de seus 2.000 kg de grãos por hectare no início dos anos 90 e chegando agora com médias de 6.000 kg, com produtividades em lavouras atuais acima de 160 sacos por hectares, um incremento médio produtivo de 4% ao ano, considerando os últimos 20 anos.

Entender o ambiente de safrinha e a compreensão dos vários fatores de estresse foi fundamental para desenvolver híbridos mais adaptados a esse ambiente desafiador. A evolução das técnicas de melhoramento genético desenvolveu ferramentas com técnicas integradas de genética, laboratórios com ambientes controlados, climatologia, práticas agronômicas, análises estatísticas, marcadores moleculares, entre outros recursos, as quais permitiram obter híbridos com o máximo de rendimento na produção de grãos associados a características agronômicas nos novos produtos tolerantes a várias adversidades ambientais, em especial no controle de doenças e na tolerância ao estresse hídrico.

Atualmente o mercado busca híbridos com alta capacidade produtiva mesmo em ambiente de estresse hídrico, buscando estabilidade na safrinha ao longo dos anos. Para isso o melhoramento genético desenvolveu híbridos com algumas características agronômicas específicas:

  • Sistema radicular extenso ou mais denso em relação a raiz/parte aérea;
  • Raízes mais tolerantes ao alumínio tóxico;
  • Cutícula foliar mais espessa e cerosa;
  • Mudança do ângulo foliar;
  • Resistência a desidratação da célula;
  • Acumulo de metabólito intermediário;
  • Comportamento e frequência estomática;

Todos esses conhecimentos adquiridos ao longo dos últimos 30 anos de safrinha no Brasil estão disponíveis ao produtor rural, através de melhores técnicas de manejo e adubação, tecnologias de sementes incluindo eventos de biotecnologias, tratamento de semente industrial e em especial, com híbridos de milho mais produtivos e estáveis, adaptados a realidade específica para o ambiente da safrinha, tornando esse plantio cada vez mais seguro e rentável. 

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