A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) aprovou na última sexta-feira (28), durante o evento ‘Chamado Raoni’, um estudo para a demarcação de uma nova área indigena de 362.243 hectares. O documento de Identificação e Delimitação da Terra Indígena (TI) Kapôt NhÄ©nore é o primeiro passo para a demarcação do território, que pode causar a desapropriação de 201 propriedades rurais.
Nos próximos 90 dias, o estudo estará aberto para possíveis contestações tendo em vista que a maior parte do território é ocupado por áreas produtivas.
O anúncio aconteceu durante um evento convocado pelo Cacique Raoni Metuktire na Aldeia Piaraçu (MT), com a presença de lideranças indígenas de todo o país e autoridades.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, estiveram presentes.
O presidente do Instituto Pensar Agro, Nilson Leitão, comentou que essa homologação vai engessar o desenvolvimento de uma região importante, como a do Araguaia. “Essa lei atual é irresponsável e dá apenas 30 dias de prazo para os proprietários atingidos fazerem a sua defesa. Esse é um tema que vai ter um revolta do setor produtivo, atuação enorme da classe política e que não vai poder aceitar uma ordem dessa que desemprega e desaloja a propriedade de 201 proprietários”, pontua.
A senadora Margareth Buzetti reuniu-se nesta terça-feira (31), na sede da Funai para conhecer o procedimento e as etapas subsequentes da demarcação das terras indígenas.
Durante conversa com a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, Buzetti comentou que sua expectativa é que os proprietários – não indígenas – ajam dentro da lei. Ela finalizou dizendo que é preciso diálogo para conciliar os interesses.
Sobre a área
O local delimitado é uma área considerada sagrada para o povo kayapó, uma vez que abriga a aldeia onde o cacique Raoni nasceu. Os povos originários reivindicam o território desde 1980, segundo os registros de processos que envolvem as demarcações das terras indígenas.
Sônia Guajajara anunciou que 32 Terras Indígenas foram mapeadas para que ações de desintrusão – retirada de quem não é originário – sejam feitas até o final do ano. Ela disse que, neste ano, já foram homologadas seis territórios e lembrou que, em 10 anos, foram homologadas 11 terras.
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