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Fim do mistério, perícia explica como morreu a sucuri mais famosa do mundo

Por G1 MS
01/04/2024 às 11h31
| Atualizado em 01/04/2024 às 11h31
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Fim de mistério! Menos de uma semana depois da sucuri Ana Júlia, a cobra mais famosa do mundo, ter sido encontrada morta em Bonito, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, a Polícia Científica do estado descobriu que a serpente morreu de causas naturais. As informações foram obtidas com exclusividade pelo g1.

No domingo passado (24), o documentarista de vida selvagem, Cristian Dimitrius, encontrou a cobra, de quase 7 metros, morta, às margens do rio Formoso, em Bonito. Ele imediatamente identificou o animal como o mesmo que havia viralizado poucos dias antes em um vídeo compartilhado pelo biólogo holandês Freek Vonk e em vários outros registros feitos na região, nos últimos anos.

A morte da famosa sucuri provocou comoção na cidade e no estado, e várias hipóteses começaram a ser levantadas, algumas, inclusive, de violência contra o animal. Dois dias depois, na terça, dia 26, equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA), da Polícia Civil, do Instituto de Criminalística e uma bióloga estiveram no local.

“O principal objetivo nosso era caracterizar ou não se a serpente foi morta de forma violenta por um disparo de arma de fogo ou até mesmo se ela tinha algumas lesões contusas que justificassem a morte dela”, apontou o diretor da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul, Emerson Lopes dos Reis.

Ele explicou que no próprio local a perita veterinária não encontrou lesões no animal condizentes com disparos de arma de fogo, mas que mesmo assim ela decidiu trazer a cobra para Campo Grande para a realização de exames complementares.

“Ela realizou outros exames, como imagens por raio-x, para que ela pudesse ter uma certeza de que esse animal não sofreu nenhum tipo de disparo de arma de fogo”, destalhou.

“Nós fizemos exames radiográficos, não encontramos nenhuma fratura na região da cabeça, que era suspeita inicialmente de ter sido lesionada e descartamos a hipótese de morte violenta…Visto que o animal não teve uma morte violenta restou por tanto uma morte por consequência de uma patologia ou alguma questão própria do animal onde ela vive, sem interferência humana na morte desse animal”, explicou a perita Maristela Melo de Oliveira.

A perita revelou ainda que aproveitou o exame para fazer a medição do animal, que atingiu os 6 metros e 36 centímetros, e também para fazer a coleta de DNA para fazer o sequenciamento genético e de outros materiais biológicos. “Coletamos esse material a fim de preservar, para interesse científico e estudos relacionados a genética desse animal”, pontuou Maristela.

‍O documentarista Cristian Dimitrius foi um dos primeiros a registrar a cobra nas águas límpidas do rio Formoso, em Bonito. Ao longo de uma década, quase que anualmente o especialista em registros da vida selvagem desembarcou na cidade para visitar a serpente.

O documentarista comenta que o nome Ana Julia é uma ligação direta à tradução da palavra “sucuri” para o inglês, que é Anaconda. Além de ser uma homenagem à música “Anna Júlia”, da banda brasileira Los Hermanos.

“Inicialmente não tínhamos nomes, não sabíamos reconhecer cada indivíduo. Com passar do tempo passamos a entender melhor cada local, cada seguimento do rio e cada indivíduo que habitava ali. Quando pensei em ‘ana alguma coisa’, a primeira que veio na cabeça foi ‘Ana Julia’ , por causa da música dos Los Hermanos”, relembra Dimitrius.

O documentarista explica que em uma das expedições, em 2014, a cobra gigante foi batizada. Alguns anos depois, quem também passou a acompanhar cientificamente a cobra foi a especialista em sucuris e pesquisadora da Universidade de São Paulo Juliana Terra.

O nome dado a cobra foi adotado pela especialista da USP e guias de turismo de Bonito. Porém, alguns anos depois, outros instrutores de passeios pelo rio Formoso começaram a chamar Ana Julia de “Vovózona”.

O nome tem a ver com tamanho e idade da cobra. Com quase 7 metros de comprimento e mais de 10 anos, o apelido pegou entre os guias.

Vilmar Teixeira faz passeios pela região e já havia registrado a cobra. “Eu coloquei o apelido na sucuri para poder identificar qual cobra eu registrava. Eu só em olhar as características sabia definir qual cobra era”, comentou o guia de turismo.

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