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Mais de 40 crianças do povo Xavante morreram neste ano em MT

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Por Helena Corezomaé, TV Centro América.
| Atualizado em 21/06/2023 às 10h28

Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo xavante, em Mato Grosso, enfrenta crescimento de casos do novo coronavírus — Foto: BBC/ ADRIANO GAMBARINI/OPAN

 

Dados do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) revelaram, nesta terça-feira (20), que 44 crianças do povo Xavante morreram em Mato Grosso devido à doenças respiratórias, desnutrição, doenças congênitas e diarreias.

Os dados se referem a janeiro a maio deste ano e apontam que, nesse período, 28 bebês também morreram, com até um ano de idade. Já crianças de 1 a 4 anos, foram 16 mortos. Já aquelas entre 5 e 9 anos, não houve nenhum registro. (Veja mais abaixo no gráfico).

Terra Indígena Marãiwatsédé, do povo xavante, em Mato Grosso, enfrenta crescimento de casos do novo coronavírus — Foto: BBC/ ADRIANO GAMBARINI/OPAN

O mês com o maior número de mortes de crianças foi março, que somou ao todo 13 casos. Já fevereiro aparece em segundo lugar com 12 mortes. Em seguida vem abril, que registrou 8. Depois aparece maio, com 6. Por fim, janeiro, que registou 5.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que desde o início das ações no território Yanomami, quando foi declarada a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, diante da grave crise sanitária e de desassistência encontrada no território, atua com ações emergenciais para salvar vidas.

Ao todo, morreram desde o início do ano 95 indígenas do povo Xavante residentes em aldeias de jurisdição do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante. Mas, a faixa etária que teve o maior número de óbitos é a das crianças.

 

Liderança cobra solução

 

Uma das lideranças indígenas do povo Xavante, Lúcio Xavante, disse que o elevado número de mortes entre a população, somente neste ano, causa preocupação. Ele ainda cobra uma solução para a situação.

“Estou muito triste e o pior, não sabemos o que está acontecendo nas comunidades Xavante. Se é por falta de estrutura ou desestruturação da atual gestão. Quem assume a coordenação do Dsei Xavante precisa ter conhecimento minimamente da saúde indígena”, contou.

O Ministério da Saúde ainda disse que acompanha as reais necessidades dos povos indígenas não apenas neste, mas em todos os Dseis do país. Com a nomeação do novo coordenador, Bruno Rami, pertencente a etnia Xavante, em março desde ano, já nota-se uma baixa nos números, conforme a nota.

A pasta também realizou na primeira quinzena de junho, a reunião do grupo técnico de vigilância do óbito do DSEI, com a participação de lideranças indígenas, representantes das mulheres indígenas, dos agentes Indígenas de saúde e profissionais de saúde que atuam em território, Casais e Pólos Base.

“O objetivo da reunião foi justamente contribuir com melhorias e orientações das ações de intervenção, baseado no contexto social e econômico da população, diante do elevado número de óbitos que vem ocorrendo. Foram discutidos sobre a importância de trabalhar a prevenção na comunidade, o uso das tecnologias para combate às fakes news e disseminação de informações de saúde, como por exemplo: quais são os sinais de alerta na criança e gestante”, diz a nota.

De acordo com o Ministério da Saúde, também está em andamento o Plano de Enfrentamento à Mortalidade Infantil e Materna do DSEI Xavante com ações programadas a partir do segundo semestre de 2023; ações em parceria com FUNAI no combate à desnutrição infantil; planejamento e execução do Programa Saúde na Escola para 2023; e solicitação de apoio à Secretaria Estadual de Saúde do estado de Mato Grosso no enfrentamento à insegurança alimentar vivenciada pelas famílias Xavante.

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