O presidente da Aprosoja Mato Grosso e vice-presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, fez um discurso em Bruxelas, na Bélgica, que arrancou aplausos constrangidos de uma plateia formada, majoritariamente, por ambientalistas. A fala foi na segunda-feira (19) durante um workshop para apresentar os números do programa Soja Plus e falar sobre a sustentabilidade do produto brasileiro com a intenção de abrir espaço no exigente mercado europeu.
A retórica de Galvan foi marcada por questionamentos sobre a cobrança de Organizações Não Governamentais (ONGs) europeias em relação ao desmatamento no Brasil e por comparações com o trabalho de preservação realizado em países da Europa. Após pesquisar quem conhecia a produção de soja em Mato Grosso, questionou: “Será que podemos e precisamos discutir sustentabilidade e soja responsável? Será que existe outro país que produz soja que seja mais responsável ou mais sustentável que o estado de Mato Grosso? Os números foram colocados na mesa. Menos de 8% [de desmatamento] em nível de território nacional, menos de 11% usados em Mato Grosso, dois terços das nossas áreas preservadas. Será que temos motivos para discutir isso?”.
O ruralista ainda perguntou se existe outro país com os mesmos índices de preservação, reclamou do que chamou de “cruzada” contra a soja brasileira e quis saber por que a produção nacional “incomoda” tanto na Europa. “Vejo aqui pessoas vendendo ideias falsas para querer enganar o consumidor europeu. Ouvi ontem a ideia de desmatamento zero. À custa de quem, do nosso produtor, do nosso país? Nós temos uma legislação e temos soberania, o Brasil não é mais colônia, assim como tantos outros países que querem se desenvolver também”, afirmou, acrescentando que a preservação tem custo e que o comprador não quer arcar com as despesas:
“Se vocês realmente querem alguma coisa de saudável e se acham que é tão importante a preservação, mais do que nós já temos, põe dinheiro no bolso e vai lá negociar, porque conversa nós não vamos mais aceitar e não aceitaremos nenhuma ONG que venha com esta ideologia, que venha vender falsa ideia do Brasil, especialmente do Mato Grosso. Eu vejo que a Europa está perdendo a essência por cuidar da perfumaria”.
Por fim, Galvan cobrou exemplo dos europeus que, segundo ele, não conseguem nem recuperar os rios degradados nas Áreas de Preservação Permanentes (APPs). “Eu aprendi educação em casa. O que realmente vocês estão fazendo aqui na Europa para exemplificar e nós cobrar lá? Porque se você abrir qualquer imagem de foto-satélite, onde está a preservação dos rios de vocês? Onde estão as APPs? Onde está esta preservação que tanto se fala e que é o bem mais precioso, eu concordo, é a água? Agora, vão lá no Brasil falar este monte de asneira e [a preservação] não é feita na sua casa. Então pergunto, com que moral?”
Galvan e demais dirigentes de entidades iniciaram, na segunda-feira, em Bruxelas, encontros com lideranças da Comunidade Européia e compradores da produção brasileira para tratar da sustentabilidade da produção agrícola de Mato Grosso começa a ser detalhada, hoje, na Europa (muitos países são fortes compradores de soja, milho e carne de Mato Grosso), por dirigentes de entidades do agronegócio. O primeiro compromisso é Bruxelas, na Bélgica, onde haverá workshop sobre a produção sustentável de soja no Brasil. Na terça-feira houve mesa redonda no Parlamento Europeu e, em seguida, uma reunião com o Amsterdam Group. Hoje, em Bruxelas, na quarta, haverá reunião do comitê formado Aprosoja, Abiove, Fefac e Fediol e IDH sobre o memorando de entendimento assinado por essas entidades sobre produção sustentável de soja.
Amanha (22) em Paris, a comitiva se reunirá com diretores da Associação Francesa de Alimentos Compostos, membro da Fefac. Já na sexta, em Berlim, o encontro será com autoridades alemãs e com a Embaixada Brasileira no país.
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