A safra do gergelim se aproxima do fim em Mato Grosso. Nos últimos anos, a cadeia produtiva se organizou e a colheita foi mecanizada com máquinas adaptadas de outras culturas, o que tornou o grão uma alternativa de segunda safra nos últimos anos.
Em Canarana, no Vale do Araguaia, o agricultor Lucas Delai plantou 730 hectares de gergelim – 200 hectares a mais do que na safra anterior. O investimento foi alto, mas a produtividade não foi como esperava.
“A gente tem aproximadamente 500 quilos por hectare. No ano passado, a gente chegou a 670 de média. Em relação ao ano passado, nós tivemos um regime hídrico pior, de aproximadamente um mês a menos de chuva. Se comparado com o ano passado, a gente plantou na mesma janela, porém as chuvas cessaram antes. A última chuva nesse talhão foi em março, seguidos de veranicos bem secos”, compara.
As vendas foram feitas durante o desenvolvimento da lavoura e não vão precisar ser estocadas na propriedade.
“No ano passado, eu guardei metade da minha produção em barracão. No começo, a gente foi colhendo e entregando na cidade, que é um polo de recebimento, que tem grandes empresas que recebem. O resto, eu guardei e fui vendendo conforme foi dando o preço e a necessidade do fluxo de caixa. Este ano, a gente teve a escolha de fazer toda a comercialização do gergelim para o nosso fluxo de caixa. A gente vai ficar com a produção de milho estocada e vai comercializar todo o gergelim”, fala.
O agricultor conseguiu comercializar os grãos a um preço mais alto do que na temporada passada, já que a cotação do grão está ligada ao dólar, que esteve mais valorizado ao longo da safra.
“Agora, nós estamos falando de R$ 5,70, o quilo. Antes da safra, para estímulo do gergelim, como o milho estava muito bom, os compradores estavam fazendo um pré-contrato de R$ 6. No ano passado, eu comercializei toda a minha produção de gergelim a R$ 4,60, em média”, continua o agricultor.
Em Jangada, na região central do estado, o agricultor Thiago Pederiva apostou no gergelim pela primeira vez.
“Eu vinha trabalhando com outras plantas de cobertura, como milheto, sorgo, sorgo forrageiro e braquiária. Neste ano, a gente teve a oportunidade de conhecer a cultura do gergelim. Por ser uma cultura mais rústica, mais tolerante à seca e ter um custo-benefício um pouco mais baixo, decidimos plantar. Sempre foi o carro-chefe da safrinha de Mato Grosso, né”, diz.
Antes mesmo do plantio, 30% da expectativa de produção foi comercaliza a R$ 4, o quilo. A maior parte deve ser vendida depois da colheita.
“Esse restante do gerfelim que não foi tratado, a gente espera comercializar entre R$ 5 e R$ 5,50”.
Até agora, o produtor colheu 26% da área plantada e o restante, que ainda está verde, deve ser colhido em 15 dias. A estimativa é conseguir 300 kg por hectare, o que o produtor considera um bom resultado.
Segundo o último boletim da safra de grãos da Conab, o Brasil deve fechar o ano com produtividade média de 668 kg por hectare de gergelim – alta de 71,4%, em relação à safra passada. A estimativa é de que a produção passe de 100 mil toneladas.
Em Mato Grosso, maior estado produtor, apesar da queda de 18,4% na área de plantio e problemas climáticos, a expectativa é de números melhores que os do ano passado, com aumento de 36,1% na produtividade média e produção final de 661 mil toneladas (+11,1%).
“Essa não é uma safra ótima em Mato Grosso, houve uma redução de produtividade por adversidades climáticas. Essa semana, a Conab está em campo fazendo o levantamento de safra. No início de agosto, a gente vai divulgar os novos dados e eles podem trazer uma revisão, conforme a colheita avançou”, acrescenta o gerente de acompanhamento de safras da Conab, Rafael Fogaça.