Uma abordagem da Polícia Militar na casa da servidora pública Kellyanne Gonçalves, terminou em agressão na madrugada de quinta-feira (4), em Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá. Um vídeo registrou o momento em que uma militar, na companhia de outros policiais, entra no quintal da casa da servidora e começa a agredi-la.
A PM informou que os militares foram atender uma ocorrência de som alto, pediram para que o volume fosse abaixado, mas não foram atendidos e precisaram usar o uso de “força moderada”.
A gravação mostra o momento em que um dos policiais diz que vai levar a mulher à delegacia, e ela responde que não vai. Em seguida, os militares entram no quintal da casa, momento que a moradora diz que eles estão invadindo o imóvel.
A servidora disse que os policiais chegaram e pediram para que o volume do som fosse abaixado e, segundo Kellyane, o pedido foi atendido, mas, ainda assim, os militares insistiram na abordagem, alegando que os carros estacionados em frente à casa estavam infringindo regras de trânsito e, por isso, acionaram o guincho.
“Comecei a perguntar para ele por que estava chamando o guincho e ele não respondia mais nada. Nisso, ele pediu reforço de outra viatura. Eu fiquei lá de dentro da casa, no portão. Aí, quando chegou a outra viatura, ainda falei para as minhas amigas, ‘olha, entra’. Só que minhas amigas já estavam filmando. E eles perceberam que estavam filmando, aí a policial já chegou e veio me batendo, dando tapas na minha cara”, relatou.
Ainda de acordo com a vítima, na delegacia, ela e a amiga, que fez as imagens e também foi conduzida, não tiveram direito a ligação e, a todo momento, os policiais fizeram pressão na amiga para que apagassem as imagens.
“Foram pessoas de fora que entraram em contato com advogada para poder ir lá. Eles não deram nosso direito de ligação, nem de ir ao banheiro, nem beber água, nem nada”, contou.
Layse Duarte, que filmou a agressão contra a amiga, disse que os policiais tomaram o celular dela, a algemaram e a colocaram na viatura e que, a todo tempo, pediram para que ela desbloqueasse o aparelho para apagar a filmagem.
“Eles me deixaram na salinha, na recepção deles. Ficavam tentando, toda hora, puxar o meu cabelo, levantar o meu rosto, para tentar liberar [o celular] com a minha face. Só que eu tampava meu rosto, assim, para não liberar”, explicou.
Para ela, os militares deveriam tê-los orientados, sem agressão e desrespeito. “Horrível. Porque a gente não estava nem fazendo nada, e outra, se estava com o som alto, eles tinham que chegar e falar, ‘ó, teve uma reclamação, dá para abaixar’, nós íamos abaixar, normal. Só que não, eles chegaram, já desaforando” concluiu.
Outro lado
O major da Polícia Militar, Márcio Pereira, disse que a equipe foi acionada para atender a ocorrência na madrugada e, ao chegar no local, tinha um grupo de pessoas que estavam fazendo uso de bebida alcoólica e ouvindo som em volume bastante alto.
Em seguida, eles teriam abordado os moradores pedindo que abaixassem o som, o que não foi acatado, momento que as pessoas do local começaram a proferir palavras de baixo calão.
“Sendo assim, diante das palavras de baixo calão e possível desacato e resistência à prisão, a Polícia Militar fez necessário o uso moderado de força. Bem, é bastante incipiente, neste momento, tratar de qualquer informação concludente, pois, visto que há imagens e, essas imagens devem ser periciadas. Posteriormente, essas vítimas, caso queiram, podem procurar o Departamento de Justiça e Disciplina do Comando Regional, reduzir todas as informações, onde será, possivelmente, instaurado o procedimento administrativo para apuração dos fatos”, disse.
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